Leituras de Zanotta: o caos contemporâneo
Em boa hora a Coordenação de Artes Cênicas da Secretaria Municipal de Cultura resolveu promover uma semana em torno da obra dramática de Júio Zanotta Vieira, ou simplesmente Júlio Zanotta, como ele se assina.
É provável que Zanotta seja hoje pouco conhecido ou até desconhecido. Mas aqueles que viveram os anos 1970 e 1980 em Porto Alegre sabem muito bem que Zanotta foi quem iniciou o grupo Ói nóis aqui traveiz, com uma dramaturgia que quebrava convenções e deixava muito apreensivas as autoridades policiais de então. Tive a oportunidade de acompanhá-lo desde aquele tempo inicial. Zanotta tornou-se também diretor de teatro e chegou a encenar, por exemplo, O café, o libreto poético da ópera de Mário de Andrade. O texto ou roteiro da encenação ficou perdido nas páginas das edições das obras completas do grande poeta e crítico do modernismo paulista. Zanotta retirou o texto do esquecimento e promoveu uma bela montagem num acanhado espaço - na verdade, um longo corredor - alugado em um prédio da Ramiro Barcelos entre a Cristóvão Colombo e a Farrapos. Ir ao espetáculo, embora liberado pela censura de então, era um pouco como ir à clandestinidade.
Júlio Zanotta foi sempre irrequieto e criativo. Tornou-se escritor, editor de suas próprias obras e assim acabou se tornando presidente da Câmara Rio-grandense do Livro. A instituição respirou novos ares e alçou-se a iniciativas múltiplas que são hoje sua marca.
Mas, de repente, Zanotta desapareceu. Soube-se, depois, que viajou, isolou-se em ilhas, correu mundo, pirou e retornou. Há poucos anos tivemos uma espécie de reestreia do dramaturgo, com um texto que promovia certa paródia de Shakespeare. O ciclo de leituras de suas obras mais recentes, todas inéditas, movimentou a Sala Álvaro Moreira em dinâmicas noitadas. Zanotta aproveitou para lançar edições quase artesanais desses textos. E a gente reencontra o artista em plena forma, mais provocador do que nunca, trabalhando ora a paródia de personagens de textos conhecidos, ora refletindo a respeito de personagens históricos ou da cidade. Assim são os casos de Ulisses no país das maravilhas - glosa do personagem grego em face da personagem de Lewis Carroll, reunindo um escritor viciado em crack e uma jovem mulher absolutamente paranoica em meio a uma revolução (antecipação de junho, em nossas ruas?). Ou então, Baudelaire, em que o dramaturgo retoma os últimos dias do poeta, para refletir a respeito de sua marginalidade criativa. Luiza Felpuda recria a personagem de um conhecido travesti da cidade, descendente de ilustre família política do estado, que mantinha uma casa de encontros para homossexuais, isso em plenos anos 1960. Felpuda foi assassinado por um jovem amante.
De modo geral, os contextos escolhidos por Zanotta são estes: apocalípticos, como se vê em O homem jaguar pássaro serpente, que se passaria num Peru contemporâneo, em que um deus retorna para tentar salvar seu povo do extermínio, mas ele mesmo é sacrificado. Ou em Louco, situação radical de um casal que se encontra em um hospício, absolutamente sem qualquer esperança. Aliás, esta pode ser a primeira impressão de quem ler ou assistir aos textos do dramaturgo: parece que ele é absolutamente cético quanto a uma saída para o ser humano. Mas ele escreve, apesar de tudo, e com isso evidencia que acredita, sim, em alguma redenção.
As leituras dos textos de Júlio Zanotta foram importantes, antes de mais nada, para que se conhecesse estes trabalhos. De outro lado, isso remedia a dificuldade de montagem de seus textos, pelos contextos em que as ações dramáticas ocorrem. Excelente iniciativa, um bom momento de reencontro com um nome de referência de nossa literatura e de nosso teatro.
(Antônio Hohlfeldt - Jornal do Comércio 27 de setembro de 2013)
Direção: Roberto Oliveira
Elenco: Junior Sifuentes, Elisa Heidrich, Francine Kiemann, Pablo Damian, Pingo Alabrace e Jéssica Barbosa
Elenco: Junior Sifuentes, Elisa Heidrich, Francine Kiemann, Pablo Damian, Pingo Alabrace e Jéssica Barbosa
È o último texto de Júlio Zanotta.
Conta a história do Homem Jaguar
Pássaro Serpente, antigo ser mítico que regressa ao Perú disfarçado de
mochileiro.
É uma viagem alucinógena pelos mitos e pela
história social e antropológica do mundo andino.
A Cordilheira do Andes, com toda sua
imponência e magnificência, é o cenário da viagem do Homem Jaguar Pássaro
Serpente. Ao mesmo tempo em que busca suas raízes procura compreender o que
aconteceu em cinco séculos de dominação colonial.
O personagem desembarca na cidade do
Cuzco e viaja pelos pueblos perdidos do alto da Cordilheira. Encontra bruxos e
adivinhos, descendentes do império Incaico e representantes dos espanhóis
colonizadores. Interna-se nas selvas da
Amazônia peruana e recebe uma iniciação através do contato com um chamãn
indígena. Num ritual com o enteógeno Hayauasca ve todo o seu passado e recebe a
missão que deverá cumprir no futuro.
O mochileiro transforma-se a cada cena.
É Homem, no choque da cultura indígena com os padrões europeus. É Pássaro
quando voa nas azas do sonho e do mito. É Jaguar ao enfrentar as altitudes
geladas dos Andes e encontrar seus habitantes primitivos. Torna-se Serpente ao conhecer
o poder das drogas para “embrujar”.
O
Homem Jaguar Pássaro Serpente é uma mensagem de latinidade. Eleva-se com uma
proposta onírica de contato com o universo indígena tão próximo de nós. O
argumento é realista e mágico, delirante em seus mistérios, pirado nas
alegorias e ambientações exóticas.
Zanotta
morou quatro anos no Perú e perambulou dois anos pela América Latina. O texto
baseia-se nas suas vivências e o argumento é uma polifonia simbólica.
LOUCO
Elento: Arlete Cunha, Renato Del Campão e Edu Kraemer
É uma versão para
teatro do livro Louco, escrito por Júlio Zanotta a
partir dos desenhos de Pena Cabreira.
A loucura tem sido um
tema discutido à exaustão, mas raras são as criações onde, ao invés da
interpretação, temos o delirante narrando da primeira à ultima página. “Louco”
não faz concessões, recusando intermediários. O texto busca ainda mais o
adensamento de uma condição já suficientemente emparedada. Os dois personagens
do texto não escapam do horror e fascínio da leitura. Sucumbem a um estranho
sortilégio (ou privilegio). Perdem o controle numa privação extrema que para eles
é a suprema liberdade.
O texto procura escapar
da verborragia sem pé nem cabeça.Ao contrário, sua escrita busca ser ágil,
seca, substantiva. Não há truque. Encara de frente esse mundo quase só de
sombras inarredáveis e luzes ofuscantes, num desequilíbrio da perspectiva. As
frases cortam rápido, informam, os loucos não discursam, dizem. Não há ninguém entre
o personagem e os intérpretes.
“Louco” procura o susto,
a surpresa.
Entre a normalidade e a
insanidade o mundo tece sua malha correcional e fabrica cada vez mais novas
espécies de delirantes. Neste confronto da palavra com o drama a loucura grita
seu cárcere.
A loucura é horror, a
loucura é fascínio.
Na escuridão,
Ulisses datilografa numa máquina de escrever Remington, de ferro. Maria Clara
entra através do espelho e acende uma vela. Um clima de ruínas, dúvidas,
angústia do desconhecido. Imensas esculturas de cimento formam o cenário. Um
soldado. Um degolador carregando pelos cabelos a cabeça do inimigo. Um pensador
enforcado. Fotos antigas. Todos se reúnem ali. O espelho é um trem. Pára nas
estações, mas ninguém embarca. Projeções, imagens antagônicas. Um jogo de
sedução.
Maria Clara e Ulisses têm um caso. Um
transe místico os envolve. Nas suas mentes formam-se imagens que se
complementam. A bruxa e o carrasco.
Maria Clara fala das suas dores, da
loucura, das decepções. Ulisses responde que está tão sozinho e desgarrado que
vive apenas de nostalgias. Maria Clara conta que está esperando a chegada do
noivo, com quem vai casar para escapar do jugo familiar. Ulisses não aceita a
atitude da garota. Fica indignado. Maria Clara procura o celular para telefonar
para a mãe. Acabou a bateria, ali não tem energia elétrica.
Ulisses sente-se numa cidade de merda.
“Sempre este inverso cinzento, úmido. Pessoas medíocres, egoístas”. Tá fudido.
Muitas contas a pagar.
Maria Clara dorme. Parece dominada por
um poder maligno. Atua como se fosse uma personalidade das trevas que tenta
apossar-se da seiva vital de Ulisses. Ou do que resta dela.
Os dois vivem um pesadelo. Maria Clara,
possuída, recita cantilenas num dialeto ancestral. Gritos. Beijam-se. Tentam
comer alguma coisa. Perturbada, Maria Clara entra no banheiro. Ulisses volta a
datilografar.
Escutam-se vozes vindas de dentro do
banheiro. Maria Clara volta e diz que foi acossada por extras-terrestres no
chuveiro. Queriam levá-la para fora da realidade objetiva. “Você não escutou?
Havia um cardume deles”...
Maria Clara movimenta-se,
freneticamente. Pega uma vassoura e agride Ulisses. Está possessa,
incontrolável. É uma outra personalidade. Enche-o de tapas. Ele revida.
Maria Clara chora, desesperada.
“Irmãzinha, irmãzinha querida! Não, não me deixa assim desamparada!” Ela trouxe
consigo um fantasma. O fantasma da irmã gêmea, que morreu no útero da mãe para
que ela pudesse nascer.
Maria Clara (ou a irmã) não quer mais
foder. Está farta de sexo! Teve uma relação incestuosa com o irmão.
Maria Clara não é
uma boneca submissa. Comunhão é uma mordaça. Ulisses diz que está apaixonado
por ela. Ela responde: “Isto sim é como tomar veneno!”
Descobre que Ulisses não mora ali. O
apartamento é apenas um local de encontros. Talvez ele nem se chame Ulisses. “O
nome... Qual é o seu nome?”
Maria Clara está dividida. É um
trabalho de interpretação que exige o domínio total de um duplo jogo.
Interpreta, num diálogo explosivo, em contraponto, ela e a “outra”, a irmã
morta.
Ulisses sai para telefonar num orelhão
para a mãe de Maria Clara. A garota
pirou.
Ulisses volta. Entra pelo espelho. Está
perplexo. Maria Clara nunca teve noivo. É filha única, nunca teve irmã ou
irmão. “Sua mãe está vindo para cá, para te buscar.”
“Ela está sempre por cima da situação”.
Abraçam-se. Ulisses está dilacerado.
Maria Clara está arrasada.
Ele: “Eu só queria saber o que está
acontecendo com você.”
Maria Clara, olhos estatelados, ausente
de si mesma:
“Estou toda cagada.”
Direção: Léo Maciel
Elenco: João Carlo Castanha, Pitti Sgarbi, Rafael Ewald e Rafael Tombini Kerber
A história do bárbaro assassinato de
Luíza Feluda, ocorrido em 1980 em Porto Alegre. Luiza Felpuda era travesti e
dono de uma casa para encontros homossexuais frequentada por pessoas de todas
as classes sociais.
A lenda negra de Luíza Felpuda é
contada como uma piração no império do mal.
Drama musicado.
Um
dos suspeitos do crime, o travesti Joelma, é personagem de extravagante
feminilidade andrógina. Um solitário entregue à propia sorte. Joelma é
interrogado e torturado no pau-de-arara pelo Delegado, homossexual enrustido,
viciado em drogas injetáveis. O Delegado veste terno preto impecável com
lencinho branco na lapela. Usa chapéu e fuma charutos Cohiba. Mantinha uma
ambígua relação com Luísa Felpuda.
Jairo,
o assassino, é preso dois dias depois do crime. Veste-se com provocativa
sensualidade de michê. Jaquela militar aberta no peito, quepe, coturnos de
couro brilhante, cinturão tacheado. É um jovem perturbado, agressivo e, ao
mesmo tempo, emotivo. Perdido numa malhar de circusntâncias adversas é incapaz
de achar uma saída para sua própia vida.
Luíza
Felpuda, educado e culto, é oriundo de uma família tradicional na política do
RS. Mantém uma agenda com o nome dos frequentadores da sua casa, pratica
agiotagem e controla com habilidade e astúcia os movimentos dos personagens. É
assassinado por Jairo com selvageria. Seu corpo foi mutilado, castrado e
empalado. O irmão paraplégico de Luíza também é morto por Jairo ao tentar
intervir. O assassino incendeia o casarão e foje, desesperado, internando-se
numa noite terrível onde o passado e o presente se confundem no mesmo espaço.
Direção: João de Ricardo
Elenco: Andressa Cantergiani, Carina Sehn, João de Ricardo e Walney Costa
A linguagem
utiliza expressões científicas.Não leva em consideração, necessariamente, a sua
significação.
Norton, nascido no vórtice do universo,
onde o tempo hesita ma prossegue em pacotes densos, é tragado por uma
tempestade cósmica. Cruza a fronteira do universo antigo numa viagem sem
precedentes, enlouquecido entre quasars hiperativos, massas gravitacionais
mutantes, redemoinhos de matéria agonizante, enxames de galáxias colidindo.
Penetra na atmosfera da Terra envolvido
num disco de poeira exótica, deixando para trás um rastro luminoso. Seu impacto
com o solo, na Amazônia oriental, a 100.000 anos, abre uma cratera gigantesca. Altera a morfologia
da região e evapora a água dos rios. No ano 2.030, é encontrado por um
professor de Biônica e enviado para o Instituto Jacutinga, em Cubatão, São
Paulo.
O Instituto Jacutinga é um renomado
centro científico, de reputação internacional. Nos seus laboratórios indivíduos
de espécies incompatíveis copulam, câmaras frigoríficas conservam fósseis
reativados, potes de segurança aprisionam bactérias rebeldes recombinadas,
gases provocam ausência de gravidade, órgãos humanos são produzidos em série,
robotsnanométricos operam com inteligência artificial.
No Instituto Jacutinga Norton é mantido
numa máquina simuladora de meio ambiente, chamada Cianosfera devido à luz azul
(ciano) que banha o seu interior em forma de esfera. É submetido a todo tipo de
experiências científicas pelo Dr. JurupitãKirihara, cientista nissei
colecionador de relíquias Pop, 137 anos, membro da Ordem do Sol Brilhante,
organização que defende a restauração do xogunato. O Dr.jurupitãKirihara é um
ancião rejuvenescido com produtos genéticos, motilidade celular, criogenia e
medicina reprodutiva. Nos seus bons tempos sofreu altas doses de radiação
quando contrabandeava plutônio para a planta clandestina de Al-Karadhawi,
mantida pela junta de assistência de Alá o Misericordioso.
Norton, vindo de um outro espaço,
torna-se o ponto central para onde convergem os interesses da comunidade
científica mundial. Treina diariamente um sistema de raciocínio capaz de
apreender a realidade com precisão a realidade. Gera pensamento impossível de
ser sabotado e prepara seus ventrículos para expressar suas emoções.
O Dr. JurupitãKirihara cria em
laboratório a Ninfa Dragão, homem e mulher num só corpo. A notícia sacode a
sociedade interplanetária do século XXI.
Mas alguma coisa deu errada. A Ninfa
Dragãonasce com sete metros de altura, com duas bocas onde deveriam estar as
orelhas e uma só orelha no lugar da boca. Tem dois narizes abaixo das
sobrancelhas e um olho onde estaria o nariz. Os dois seios estão nos seus
lugares, mas a vagina, infelizmente, trocou de lugar com o umbigo.
Norton, que sabia cantar (afinal, ouvira
Schoenberg!), canta para ela HappyBirthToYou. Norton e a Ninfa Dragão
apaixonam-se ao primeiro olhar. Quando o Dr. JurupitãKirihara é assassinadoos
cientistas introduzem Norton no interior daNinfa Dragão para encontrar o código
secreto que lhe permitirá recobrar sua forma original. Introduzido pela vagina
da Ninfa Dragão, Norton avança com movimentos vacilantes num ambiente hostil.
Uma avalanche, ao final de convulsões regorgitantes, o deixa à mercê de
fascíolas fascínoras.
Fluxos de oxigênio puro reciclam seu
corpo exaurido e seus tentáculos posteriores fixam-se numa resina suculenta,
fonte luminosa de prata líquida. Encontra uma cápsula branca. Poderia ser um
câncer, mas é um grão de arroz. Ali o Dr. JurupitãKirihara ocultou o código
secreto das construção da Ninfa Dragão.
Norton engole uma boa porção do grão de
arroz e estica-se para tirar uma soneca. Acha que o lugar é o ideal para
procriar, com abundante alimentação. Sua espermatecafecundaos óvulos da Ninfa
Dragão e eles preparam-se para procriar uma prole de novos seres. Norton rompe
suas relações com o Instituto Jacutinga e trata de cuidar suas larvas.
O clone da Ninfa Dragão, com Norton
dentro, é abandonado no lixão municipal de Cubatão.
__ Fui penetrada pelo pênis de Deus __
murmura A Ninfa Dragão.
Com um simples suspiro ela fragmenta-se
numa espiral ardente, cuja rotação consolida em anéis maternos seus óvulos
fecundados.
Norton conduz seus bebês por entre
galerias e blocos de apartamentos, reminiscências subterrâneas, fábricas
clandestinas, revestimentos envidraçados. Clepsidras de matéria agonizante
pulverizam seus filhos. Como um apóstolo, semeia nos cafés, restaurantes, hospitais,
penitenciárias, escritórios, delegacias, cinemas, teatros, museus, prefeituras.
Quando seus descendentes crescerem nos
extremos coerentes das caliptras da insensatez, Norton flutuará numa esfera azul.
Como um ser replicador e lúbrico, para acompanhar com cuidado o crescimentoda
sua geração. A que substituirá os humanos na Terra.
AMOR NO FACEBOOK
Direção: Bob Bahils
Elenco: Luciana Domiciano e Guilhermes Barcelos
A peça narra uma
relação amorosa verídica, baseada em quase 2.000 mensagens de amor, paixão e
utopia trocadas no Face Book entre os amantes clandestinos.
Tem uma co-autora, LG, que exige
permanecer no anonimato. O texto original ocupa 299 páginas, que foram
reduzidas a 40 para a versão teatral. JZ e LG se conhecem casualmente num
show e marcam um encontro. Ela pede permissão ao marido, que consente. A relação que se estabelece a partir de
então pensa o amor, as convenções, a sociedade. Uma outra presença nasce entre
os amantes, algo que eles não podem confessar. Compreendem que devem aceitar o
que virá, mas tem que se ater às regras. Nenhum deles sente culpa. Ficam com a
sensação cruel de que tudo é dor e se perguntam se a relação deles é uma
extravagância. O que está morto deve abrir caminho
para que o novo se realize, entre noites intenças nos motéis da cidade e mágoas
geradas pela incerteza de viver em contradição. A atração mútua e a capacidade
de maravilhar-se passa a ser o único caminho a partir do qual os amantes
localizam os laços do seu vínculo. Tentam romper com o estabelecido, mas
não é fácil. O pesamento poligâmico de LG enfrenta a condenação moral. Ela nega
o sentimento monogâmico e tem coragem de ousar com sensibilidade e afetividade. Mas coisas ficam de cabeça para baixo.
O problema envolve as crianças, os familiares e tenta realizar-se enquanto
revolução doméstica. Entre os dois amantes cria-se uma dependência total, fome
mental entre dominação, fetiches, drogas. Na noite de ano novo os três principais
envolvidos, o marido, JZ e LG encontram-se numa praça para discutir a relação,
enquanto estouram os fogos da comemoração. Impõe-se uma outra realidade
inevitável e, certamente, muito necessária. Como recuperar o que foi perdido? Pressões e repressões começam a ser
exercidas entre as partes. É uma peça sobre experiências amorosas
levadas ao extremo. O intercâmbio afetivo constitui-se carinhosamente como a
percpectiva de um sonho. Os singulares desejos de uma realação excluem sem
discriminação os sentimentos em relação a outra? O fluxo erótico, o campo conjugal, os
entes queridos, a destruição de um matrimônio, o trágico retorno ao quotidiano
__ são estes os rituais de submissão da civilização?BAUDELAIRE5/8 – Segunda-FeiraDireção:
Biratã VieiraElenco:
Carlos Cunha, Lourdes Eloy, Márcia Erig, Biratã Vieira. SINOPSE“Baudelaire”
é a crônica da vida do primeiro poeta moderno e sua luta para encontrar a
consciência radiante de si mesmo. O texto gira em torno do encontro fictício de
Baudelaire, na hora de sua morte, com um misterioso personagem, Mefisto. Ao assumir no seu sonho as experiencias
da vida e as aparencias do mundo, Baudelaire dá às suas evocações um caráter
original, sublime e satânico. Insurge-se contra as convenções e perturba
aqueles a quem oferece suas miragens. A busca incansável do personagem no
sentido de criar uma poesia nova leva-o a projetar em torno de si uma aura
impenetrável. Baudelaire é um dândi, veste-se de uma maneira aristocrática e
extravagante. Mantem as mais rígidas conveniências e sua polidez é excessiva a
ponto de parecer afetada. Boêmio, frequenta os cafés de Paris, embriaga-se e
consome as drogas da época. Contaminado pela sífilis desde muito jovem, invoca
Satã e ama as mulheres com sinistra extravagância.Mas
foi, no século XIX, o mais importante dos poetas franceses e, sem exagero, dos
poetas europeus. Sua poesia passou a ser
considerada como “a poesia mesmo da modernidade”.O
texto aborda as relações aberrantes que o poeta manteve durante toda a sua
vida. Torra sua polpuda herança em dois anos, mora em hotéis, enche-se de
dívidas. Morre paralítico, sem poder falar, depois de um ano de agonia.Baudelaire
praticou deliberadamente o Mal, como forma de atingir o Belo. O que levou Aldoux
Huxley a escrever: “O mais importante dos poetas modernos foi um
satânico.”
Elenco: Luciana Domiciano e Guilhermes Barcelos
BAUDELAIRE
Direção:
Biratã Vieira
Elenco:
Carlos Cunha, Lourdes Eloy, Márcia Erig, Biratã Vieira.
“Baudelaire”
é a crônica da vida do primeiro poeta moderno e sua luta para encontrar a
consciência radiante de si mesmo. O texto gira em torno do encontro fictício de
Baudelaire, na hora de sua morte, com um misterioso personagem, Mefisto.
Ao assumir no seu sonho as experiencias
da vida e as aparencias do mundo, Baudelaire dá às suas evocações um caráter
original, sublime e satânico. Insurge-se contra as convenções e perturba
aqueles a quem oferece suas miragens.
A busca incansável do personagem no
sentido de criar uma poesia nova leva-o a projetar em torno de si uma aura
impenetrável. Baudelaire é um dândi, veste-se de uma maneira aristocrática e
extravagante. Mantem as mais rígidas conveniências e sua polidez é excessiva a
ponto de parecer afetada. Boêmio, frequenta os cafés de Paris, embriaga-se e
consome as drogas da época. Contaminado pela sífilis desde muito jovem, invoca
Satã e ama as mulheres com sinistra extravagância.
Mas
foi, no século XIX, o mais importante dos poetas franceses e, sem exagero, dos
poetas europeus. Sua poesia passou a ser
considerada como “a poesia mesmo da modernidade”.
O
texto aborda as relações aberrantes que o poeta manteve durante toda a sua
vida. Torra sua polpuda herança em dois anos, mora em hotéis, enche-se de
dívidas. Morre paralítico, sem poder falar, depois de um ano de agonia.
Baudelaire
praticou deliberadamente o Mal, como forma de atingir o Belo. O quelevou Aldoux
Huxley a escrever: “O mais importante dos poetas modernos foi um
satânico.”
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